Ain: Supremo.
Ain Soph: Supremo Conhecimento.
Ain Soph Aur: Alma do Supremo Conhecimento.
Estes três termos da cabala tentam explicar algo fora da concepção humana, algo extra-divino. Se o Nono Sentido simboliza os deuses, estas são as três facetas do Décimo! Esta trindade representa, em termos bem pobres, o deus, as forças, os poderes ABSOLUTOS. O Décimo Sentido é a essência do universo, de todo o macrocosmo. Seu nível mais próximo ao nosso entendimento é a Alma do Supremo Conhecimento, algo que só podemos vislumbrar, mas que contudo podemos perceber e sentir, nos revelando que algo maior existe, mesmo sem nada nunca compreendermos.
Em termos cristãos seria o divino Espírito Santo. Seguindo esta linha, seria fácil apontar o Supremo Conhecimento como o filho unigênito de Deus, o Messias, e que o Pai, o Alfa e o Ômega, é o ser Supremo. De fato isto pode ser dito, contudo, o mesmo pode ser aplicado ao Caos, Ginnungagap, Kunitokotachi, Atma, Tao, Brahma... Enfim, são meramente nomes, não alterando em nada o principal fato: O ser Supremo.
Púman: Alma.
Pradhána: Natureza da Alma.
Mahat: Razão da Natureza da Alma.
Ahankára: Razão da Natureza dos Elementos.
Os termos Púman, Pradhána, Ahankára e Mahat provém do hinduismo. Púman faz alusão à alma, sendo indissociável de Pradhána, onde a primeira reside. Este é o Príncipio chefe de todas as coisas da natureza, sua fonte motora e suprema, também chamada Prakiti. Mahat é o intelecto ra z que dá origem ao logos, que anima conscientemente o universo e que cria a mente dos elementos, Ahankára.
Assiah: Dimensão Mundana ou Terrena.
Sapher ou Yetzirah: Dimensão Elemental.
Sippur ou Briah: Dimensão Astral.
S’for ou Atziluth: Dimensão Arquetípica.
Estes são os quatro mundos, ou melhor, dimensões (sepharim) reveladas pela Cabala. Cada qual compreendem outras esferas (sephiroth), estas sim podendo ser denominadas mundos – conforme o diagrama acima. O Assiah é o mundo concreto e laico o qual estamos acostumados, resultado da união de fatores e elementos das demais dimensões.
Sapher ou Yetzirah são os ditos planos elementais, pela etimologia querem dizer: a criação, o fiat lux. Ar, Água, Fogo e Éter – o espírito - (todos estes ao lado da Terra, cujo plano elemental é em seu próprio reino elemental), cada um destes elementos caracteriza sobremodo um plano de existência.
Sippur ou Briah significam a palavra, o logos, o verbo manifestado. É a dimensão do pensamento, do sonhar, e da alma - anima. Também tem por “base” formas elementais, tão idealistas e primordiais que não se pode considerar como um plano elementar, mas sim um reino elementar. O mesmo ocorre na dimensão à seguir:
S’for ou Atziluth é a dimensão da plena existência, a origem dos termos diz isto. Esta plena existência não pode ser melhor descrita senão de forma arquetípica, ou seja: ou é, ou não é. É a dimensão das essências puras (pura bondade, pura maldade)...
Os mundos apresentados por estas dimensões são figuras-conceito. Sim, são mundos físicos, mas isto não quer dizer que as leis da física atuem sobre eles, que existam conexões geográficas de um ao outro, que um esteja ao norte ou outro ao sul. E como conceitos, englobam outros pequenos mundos, que também são revelados pela Cabala; pelos 22 Caminhos da Cabala e pelas Cartas do Tarô. Vejam este diagrama, elaborado primeiramente por Athanasius Kircher:
Pode-se deixar de lado, por hora, muitos detalhes nesta imagem. O importante são os 22 caminhos apontados com as 22 letras do alfabeto judaico. Cada um, por mais efêmero que possam ser, possui um mundo ou mundo de peculiaridades distintas, quando senão, abstratas. Para compreender melhor tudo isto, é melhor primeiro adentrarmos um pouco mais nos mistérios da Cabala.
Os mistérios são dissolvidos em 32 Caminhos: as 10 Esferas (Sephiroth, Sephirah no singular) e 22 Cartas. As Esferas ilustram o processo de nascimento do universo, desde o 1º ato (O Espírito de Deus), passando pelos elementos (2º Ar; 3º Água; 4º Fogo), finalizando com as dimensões (5º Alturas; 6º Profundezas; 7º Leste; 8º Oeste; 9º Sul; 10º Norte). *Atenção, não está na ordem dos Sephiroth. Assim do Espírito de Deus, de seu sopro, veio o Ar. Do Ar veio a Água. Da Água surgiu o Fogo. Do Fogo as Alturas e as Profundezas. E destas últimas o Leste e o Oeste, o Norte e o Sul. Os Sephiroth revelam o Ain Soph, o supremo conhecimento.
As Cartas se subdividem em 3 Cartas Mãe, Fundamentais; 7 Cartas Dúbias; e 12 Cartas Singulares. A bem da verdade, representam as letras do alfabeto hebraico (pela lenda, esta é a origem do alfabeto). Assim sendo, são 3 vogais, 7 semi-vogais e 12 consoantes.
א
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ב
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ג
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ד
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ה
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ו
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01 - Aleph (a)
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02 - Beth (b)
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03 - Ghimel (gh)
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04 - Daleth (d)
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05 - He (h)
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06 - Vau (v, w)
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ז
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ח
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ט
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י
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כ ך
|
ל
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07 - Zain (z)
|
08 - Cheth
(ch, kh, h) |
09 - Teth (t)
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10 - Iod (y, i)
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11 - Kaph
(k, kh, ch) |
12 - Lamed (l)
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מ ם
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נ ן
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ס
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ע
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פ ף
|
צ ץ
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13 - Men (m)
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14 - Nun (n)
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15 - Samech (s)
|
16 - Ain (g)
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17 - Pes
(p, ph, f) |
18 - Sade
(tz, ts, z) |
ק
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ר
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ש
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ת
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19 - Koph (q)
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20 - Res (r)
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21 - Sin (sh, s)
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22 - Tau (th, t)
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Vermelho - Fundamentais. Azul - Dúbias. Preto - Singulares.
As três Fundamentais são uma balança, sendo Aleph o Ar, Men a Água e Sin o Fogo, com a primeira entre as outras duas, equilibrando-as. Tudo foi criado a partir delas. Marco profundo da Santíssima Trindade. Repare também que Sin, o Fogo, é da mesma raiz que em inglês quer dizer "pecado", enquanto Aleph, como na passagem "Eu sou o Alfa e o Ômega", é a virtude divina. Dizem alguns que Men é justamente o homem, entre o bem e o mal (raiz semelhante a man no inglês, homem português, etc...).
As sete Dúbias representam os pólos opostos do universo. Podendo representar tanto a sabedoria, riqueza, fertilidade, vida, domínio, paz e beleza; quanto a tolice, pobreza, esterilidade, morte, dependência, guerra e feiúra. (Tudo pela ordem). Também representam as 7 dimensões (Altura, Profundidade, Leste, Oeste, Norte e Sul, mais o local central, ponto base). Tal como os "sete planetas", os sete dias da semana, os sete céus, sete terras, sete mares, sete rios, sete desertos, sete semanas do Pentecostes, e os sete anos vezes sete do jubileu...
Podendo representar ambos os pólos do universo, o número sete e estas letras simbolizam Deus, o tudo, como o Tao, a força que harmoniza o Yin e o Yang (ao passo que Lúcifer é 6, o quase e o pretendente de sua onipotência, vejam neste mesmo alfabeto que 6 é transcrito como a letra Vau (v, w), por este motivo dizem ser a internet o símbolo do demônio, pois 666 = vau, vau, vau = www). As doze Singulares representam os 12 signos, os 12 meses, os 12 órgãos, os interpontos cardeais (incluso altura e profundidade), 12 apóstolos... a simbologia é ampla.
Vimos logo de cara que a criação é dividida em quatro mundos principais, S'for, Sippur, Sapher e Assiah englobados em três trindades de Esferas (Planos, Dimensões, etc...) onde Kether, a alta-coroa, não forma um 'mundo', sendo interpretado como a própria força motriz do universo (Deus, Demiurgo, Ancião dos Dias, Altíssimo, Cosmo, Caos, Ginnungagap, Kunitokotachi, Atma, Tao, Kundalini, Brahma, Fohat, etc.). Restam-nos então 22 “tipos” de mundos de efemérides entre os principais planos e dimensões. Cada um respeitando, por assim dizer, as características cabalísticas dos “percursos”.
O Caminho... que liga...
01 - א - Aleph - O Bem => Kether à Piedade, Caminho 6.
02 - ב - Beth - O Mal => Kether ao Rigor, Caminho 8.
03 - ג - Ghimel - Influxo da Santíssima Trindade => Kether à Tipheret.
04 - ד - Daleth - Caminho da Sabedoria e Luz => Hochma à Binah.
05 - ה - He - Águas da Divina Piedade => Hochma à Tipheret.
06 - ו - Vau - Complacência, Piedade => Hochma à Hesed.
07 - ז - Zain - Fogos da Divina Justiça => Binah à Tipheret.
08 - ח - Cheth - Rigor, Punição => Binah à Giburah.
09 - ט - Teth - Justiça e Piedade => Hesed à Giburah.
10 - י - Iod - Forças da Direita => Hesed à Tipheret.
11 - כ - Kaph - Preceitos Positivos da Lei => Piedade, Caminho 6 à Netzach.
12 - ל - Lámed - Forças da Esquerda => Giburah à Tipheret.
13 - מ - Men - Preceitos Negativos da Lei => Rigor, Caminho 8 à Hod.
14 - נ – Nun - A Menorá => Netzach (Ar) à Tipheret (Fogo).
15 - ס - Samech – Criação => Yesod (Água) à Tipheret (Fogo).
16 - ע - Ain – Conservação => Netzach (Ar) à Yesod (Água).
17 - פ - Pes - Vitória e Honra => Netzach (Ar) à Hod (Éter).
18 - צ - Sade – Signos => Hod (Éter) à Tipheret (Fogo).
19 - ק - Koph - Imagens da Terra (Virtudes) => Malkuth (Terra) à Netzach (Ar).
20 - ר - Res – Destruição => Hod (Éter) à Yesod (Água).
21 - ש - Sin - Imagens da Terra (Pecados) => Malkuth (Terra) à Hod (Éter).?
22 - ת - Tau - Morte e Vida => Malkuth (Terra) à Tipheret (Fogo) ou Yesod (Água).
Os caminhos de 1 à 13 representam os portais e reinos elementais mais altos, pouco conhecido entre os homens, habitados (ou pouco habitados) por divindades em retiro, ou reclusas por algum motivo especial, quando não são usados somente com um elo de ligação entre um plano e outro. Do 14 ao 22 existem inúmeros relatos em nossas mitologias.
Vimos a Cabala até agora no sentido horizontal e de seus caminhos, porém agora, seguindo o budismo, por exemplo, vejamos o sentido vertical. De baixo para cima se verá a trajetória rumo a mundos cada vez menos densos e materiais, cada vez mais próximo de Deus e seus inúmeros nomes. O caminho da direita, Jaquin, o Pilar * da Misericórdia, leve e suave; o caminho da esquerda, Boaz, o Pilar da Severidade, justo e pesado; e o caminho do meio, chamado Balança, aquele sem apego algum as paixões, nem as boas nem as ruins. O sentido inverso revelará o nascimento do homem e de todos os seus atributos.
*Alusão aos dois principais pilares do Templo de Salomão, conforme 3Rs 7, 21; 2Par 3, 17; Jer 52, 22. Lido da direita para a esquerda temos Jaquin Boaz, ou seja "[Deus] estabeleceu [o Templo] solidamente" ou “com força”.
Tanto de acordo com as os conceitos cabalísticos quanto com os modernos teosofistas e rosa-crucianos estes caminhos também revelam a composição da vida humana e até que ponto cada um de seus 'componentes' pode atingir nesta 'evolução' pelos 'mundos'.
“Nele [no homem], como no Ego Divino, há um trindade em unidade, vista: 1, O Neshamah (espírito); 2, Ruach (alma); 3, Nephesh (a vida sensual ou animal - instinto), intimamente relacionado ao corpo e dissolvido quando ele, o corpo, morre. O Nephesh nunca entra nos portais de Éden ou o Paraíso celestial. Além destes elementos em nós, há outro representando uma idéia ou tipo de pessoa que desce de céu na hora de concepção. Cresce enquanto crescemos nós, permanecendo conosco, e nos acompanha quando nós deixarmos a terra. É conhecido como nosso Ycchidah, ou princípio de nossa individualidade”.
Nurho de Manhar, Sepher Ha-Zohar, Prefácio.
Além destes também há uma unidades mais superior, o Chiah, a Força de Vida - em termos mais aproximados, o Cosmo interior. Também conhecido por Qi, entre os chineses, e Ki entre os japoneses. E fora do indivíduo, mas em constante contato, existe o Jechidah, ou o Cosmo exterior.
Este é um esboço da parte teórica da Cabala como vista no Yetzirah e no Zohar. Permitam-me agora um pequeno a parte sobre as aplicações praticas decorrentes da Cabala. Basicamente são duas, a Exegética (práticas de desmistificação de significados ocultos) e a Taumatúrgica (exercícios de ritos mágicos e sobrenaturais).
A doutrina exegética é fundada na teoria de que Moisés recebera de Deus no Sinai as chaves necessárias para poder desvendar os mistérios escondidos por detrás de cada mínima letra da Cabala e do Pentateuco. Estas chaves chegaram à modernidade como sendo a Gematria, o Notarikon e o Temura.
Gematria se trata do valor numérico e do poder das letras, suas formas e as vezes sua posição em determinadas palavras. Uma análise aritmética e figurativa que deu origem a, por muitas vezes charlatã, numerologia. Notarikon é quando uma letra significa algo por inteiro ou uma pessoa, uma abreviação. E quando junta de outras, formam novos sentidos e significados. Temura é a permutação das letras, a troca de posição através de alguns métodos combinatórios, os mais famosos são o Athbash e o Albam (que possuem estes nomes justamente por começarem a seqüência de inversão com estas letras).
Pois bem, agora voltemos aos quatro mundos principais da Cabala, Atziluth (אצילות), Briah (בריאה), Yetzirah (יצירה) e Assiah (עשיה). Cada um compõe uma letra hebraica do nome sagrado de Deus, o Tetragrammaton, que conhecemos pela alcunha de Javé (JHVH, יהוה) identificado por estes sistemas de Gematria, Notarikon e Temura. Cada uma destas letras também compõe o quadro dos quatro elementos primordiais. Aliás, sobre isto, fato é que estes elementos compõem pela tradição o nome de Deus, ou sejam, fazem parte deste. E este, tal como elemento primordial é entendido como éter, luz, ou centelha divina ou solar que habita os seres vivos. Por sua vez, em contraparte. Sua ausência é escuridão, as trevas.
Como dizem à boca pequena, não existe o Mal absoluto, mas sim a ausência do Bem. Enfim, pensando assim, temos nos símbolos alquímicos da idade média uma interessante constatação:
Os Quatro Elementos que compõem o universo, e por conseguinte, Deus, o quinto elemento. Somente fora desta fórmula o hipotético sexto elemento, as trevas... O Éter, força de união ou espírito, também se faz presente, ao lado dos demais elementos, nas tradições hinduístas contidas no Vishnu Purana, onde os Tatwas (cinco elementos) são assim representados: Vayu - O Círculo Azul (ar); Apas - O Crescente Prateado (água), Agni - O Triângulo Vermelho (fogo), Prithivi - O Quadrado Amarelo (terra), Akasa - O Ovo Negro (das trevas) donde nascerá a luz (espírito). Também temos algo semelhante entre os gregos. Platão em Timeus (56s) discorre sobre estes mesmos elementos.
Um comentário:
gostei mais vc acha texto.
ou incomun.
eu e meu amigo estamos pesquisando sobre a alquimia e vc nos achudo e muinto obrigado de novo
MSN: andrebom300@hotmail.com
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